domingo, 21 de novembro de 2010

Tulipa Ruiz


A carreira de Tulipa Ruiz foi meteórica. Após fazer o primeiro show solo pra valer no final de 2008, a cantora foi colecionando elogios da crítica, aumentando o público cativo e ganhou, assim, a oportunidade de gravar o disco de estreia pela talvez mais importante gravadora da nova geração da MPB. E, mesmo diante de tamanha expectativa, não decepcionou. Efêmera saiu no final de maio e rapidamente conquistou a crítica, que rasgou elogios desenfreados ao álbum. De fato, o disco é o melhor lançamento do ano até o momento, com suas canções sutis e poeticamente diretas, cheias de arranjos simples e melodias doces e circulares embaladas pela voz única de Tulipa. Uma releitura do melhor do tropicalismo com um olhar no futuro. A apresentação demora um pouco, mas engrena com Às Vezes, o auto-declarado hit do show, uma dessas canções deliciosas capazes de ficarem tatuadas no subconsciente por dias. Duas qualidades essenciais dessa estreia ainda são raras na música brasileira em 2010. Primeiro, a música tem letras bem feitas, conjuga a inteligência da linguagem com leveza e diversão. E em segundo lugar, sua música parece tornar desnecessária a linha que separa a MPB do pop. Essa é uma qualidade que todo mundo persegue, desde a Tropicália dos anos 1960 (que é referência forte aqui), mas que poucas vezes é efetivada com naturalidade. Os músicos ajudam bastante para que os arranjos sejam certeiros, precisos. A colaboração em família deve facilitar a química do disco: além do pai tocando e compondo, o irmão Gustavo Ruiz assina a produção e toca vários instrumentos. “Efêmera” é uma estreia sólida para uma artista completa. Alguém que pode conquistar um público grande sem recorrer a obviedades, investindo na pesquisa de sons, sem exagerar na “fofice” ou agressividade. Touché, Tulipa!

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