Um blog que funciona do meu jeito: sem rótulos. Posso falar de cinema, música, teatro, utilidades e, também, futilidades públicas. Jornalismo sem restrições. Lembrando que eu mudo de opinião, sim. Portanto, não me deem fórmulas certas. Não sou o mesmo sempre. Podemos ter opiniões diferentes, e isso não é um problema. Aqui tem espaço de sobra para comentários, críticas e sugestões. Soltem o verbo. Quem escreve o que quer lê o que vier... www.facebook.com/eudanielromano ou daniel.romano@msn.com
domingo, 21 de novembro de 2010
Tulipa Ruiz
A carreira de Tulipa Ruiz foi meteórica. Após fazer o primeiro show solo pra valer no final de 2008, a cantora foi colecionando elogios da crítica, aumentando o público cativo e ganhou, assim, a oportunidade de gravar o disco de estreia pela talvez mais importante gravadora da nova geração da MPB. E, mesmo diante de tamanha expectativa, não decepcionou. Efêmera saiu no final de maio e rapidamente conquistou a crítica, que rasgou elogios desenfreados ao álbum. De fato, o disco é o melhor lançamento do ano até o momento, com suas canções sutis e poeticamente diretas, cheias de arranjos simples e melodias doces e circulares embaladas pela voz única de Tulipa. Uma releitura do melhor do tropicalismo com um olhar no futuro. A apresentação demora um pouco, mas engrena com Às Vezes, o auto-declarado hit do show, uma dessas canções deliciosas capazes de ficarem tatuadas no subconsciente por dias. Duas qualidades essenciais dessa estreia ainda são raras na música brasileira em 2010. Primeiro, a música tem letras bem feitas, conjuga a inteligência da linguagem com leveza e diversão. E em segundo lugar, sua música parece tornar desnecessária a linha que separa a MPB do pop. Essa é uma qualidade que todo mundo persegue, desde a Tropicália dos anos 1960 (que é referência forte aqui), mas que poucas vezes é efetivada com naturalidade. Os músicos ajudam bastante para que os arranjos sejam certeiros, precisos. A colaboração em família deve facilitar a química do disco: além do pai tocando e compondo, o irmão Gustavo Ruiz assina a produção e toca vários instrumentos. “Efêmera” é uma estreia sólida para uma artista completa. Alguém que pode conquistar um público grande sem recorrer a obviedades, investindo na pesquisa de sons, sem exagerar na “fofice” ou agressividade. Touché, Tulipa!
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