domingo, 17 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Os Oito Odiados é o oitavo filme de Quentin Tarantino, que conta a história de oito homens e uma mulher. Uma diligência cruza a linda paisagem no meio da neve levando John Ruth (Kurt Russell) e sua prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock. No caminho eles dão carona para dois estranhos: o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), um ex-soldado transformado em caçador de recompensas, e Chris Mannix (Walton Goggins), um renegado do sul que diz ser o novo xerife da cidade. Os quatro passam por uma forte tempestade de gelo, e é no Armazém da Minnie, uma parada de diligência nas montanhas, que eles conseguem se proteger do frio. Lá, no lugar da proprietária, eles encontram mais estranhos: Bob (Demian Bichir), encarregado de cuidar do armazém, Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen), e o General Confederado Sanford Smithers (Bruce Dern).

Sou fã dos filmes de Quentin Tarantino, mas é preciso deixar claro que ele não faz questão de agradar todos os estômagos. O próprio afirma que sua carreira será composta por apenas dez filmes, e sua marca registrada é o sangue jorrando na tela. Talvez este seja o filme mais "escrachado" do diretor, já que o deboche e a morte estão sempre se misturando em cena. Todos conhecemos a fama do Tarantino pelos seus textos com longos diálogos casuais e uma trilha sonora única. Em Os Oito Odiados isso permanece, e não é por acaso que a duração do filme é de quase três horas. A forma de apresentação dos personagens que é diferente. Alguns são de trás pra frente e outros são ao decorrer da trama (impossível dizer mais do que isso sem comprometer a história pra quem ainda não assistiu). O interessante é que nos familiarizamos com eles, e lá quando já estamos em quase uma hora de filme, bingo! Você é fisgado por uma trama pra lá de envolvente.

Não existem boas maneiras. Não existe certo ou errado. Isso faz os fãs do gênero se sentirem à vontade de rir de alguém que apanha toda hora ou de dar boas gargalhadas com pessoas vomitando sangue. A trama é tensa, é agoniante, e todos parecem vilões. Nunca sabemos o próximo passo. Temos a sensação de que todos vão morrer a qualquer momento. O elenco é incrível. Samuel L. Jackson deu vida a um personagem único e aposto em uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante pra Jennifer Jason Leigh. A mulher deu um show. Daisy é uma das melhores criações femininas de Tarantino. É impressionante a sensação de que tudo pode acontecer no filme. Um homem toca 'noite feliz' no piano, uma mulher depena uma galinha para fazer um guisado, e o sangue começa a jorrar com balinhas coloridas caindo no chão. Tudo isso acontece em uma mesma cena, mesmo que pareça impossível de se encaixar ou fazer sentido. Acho que é por aí... Quentin Tarantino não faz questão de fazer sentido, e eu adoro as loucuras sanguinárias desse maluco.