terça-feira, 21 de março de 2017

Logan

Logan (ou Wolverine) já é referência entre as adaptações cinematográficas dos quadrinhos. E o longa dessa vez traz um personagem melancólico, debilitado e com a imortalidade questionada. Ele vive como chofer, cuida do nonagenário Charles Xavier e não faz nenhuma questão de voltar à ativa como X-Men, mas tudo muda quando ele conhece Laura, uma menina literalmente criada para matar.

O filme equilibra muito bem o novo e o velho Logan. O passado e o presente do Wolverine se encaixam como uma reverência pra ele mesmo, uma espécie de "palmas para o que eu fiz durante todos esses anos." Sem contar que a ideia de colocar um clone do personagem foi uma sacada de gênio para fazer a gente relembrar os velhos tempos. A produção do filme é ótima, a Marvel realmente não brinca em cena, e dessa vez a produtora resolveu não poupar sangue. Assim que o Logan crava suas garras no primeiro adversário, percebemos que não estamos diante de uma filmagem sombreada pelos efeitos visuais para neutralizar (ou desfocar) a violência das cenas. Essa abordagem abrutalhada traz uma dose de realidade pra vida do personagem, mostrando que dentro daquela carcaça cansada existe um mutante que carrega nas costas tudo aquilo que já fez.

A vulnerabilidade de Logan traz um misto de emoções para os fãs da saga, afinal o Wolverine já não é mais o mesmo, ele pode se machucar e até morrer. E depois de 17 anos, e nove vezes no papel, é bem provável que esta seja a despedida de Hugh Jackman como o nosso querido mutante de adamantium. Por outro lado, a entrada da pequena Dafne Keen como Laura Kinney é o grande presente que ganhamos do filme. Sim, Logan nos deixa uma herança. Uma menina acuada, violenta, uma fera adorável com tanto vigor nas garras que desperta paixão imediata do público (podem apostar!). Talvez a atriz mirim também esteja fadada ao carimbo de um personagem que nunca se desassocia do ator, quem sabe por mais 17 anos de história, ou nove filmes, mas que fique claro que isso não é uma reclamação. É uma torcida.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Estrelas Além do Tempo

O filme se passa em 1961, época em que a sociedade norte-americana vivia (assustadoramente) o auge da intolerância racial. Na trama, conhecemos três mulheres negras inteligentíssimas que trabalham na NASA e são excelentes profissionais. Katherine (Taraji P. Henson), Dorothy (Octavia Spencer) e Mary (Janelle Monáe) são grandes amigas e lutam contra o preconceito e o machismo, tentando ganhar o verdadeiro reconhecimento dentro da empresa. Elas trabalham como computadores humanos, realizando cálculos complexos e essenciais para o sucesso da corrida espacial.

Vale lembrar que trata-se de uma história real, o longa é baseado no livro de Margot Lee Shetterly e roteirizado pela estreante Allison Schroeder e pelo próprio diretor, Theodore Melfi. O filme tem conteúdo de forma sutil, fazendo do diálogo das protagonistas o próprio antídoto para abolir qualquer tipo de preconceito. Cada uma das três luta com um desafio diferente. Katherine tinha que andar um longo trajeto para conseguir ir ao banheiro no trabalho, pois não podia frequentar o mesmo banheiro de mulheres brancas. Dorothy fazia o serviço de uma supervisora e não era reconhecida por tal função. Mary precisou entrar na justiça para poder fazer um curso junto com pessoas brancas. A história traz à tona temas importantíssimos para serem discutidos. É impossível não comprar a briga dessas mulheres e não torcer por elas.

O elenco é excelente, as três merecem igualmente aplausos de pé. Apesar de Katherine ser a personagem principal, todas as três histórias são desenvolvidas de forma interessante. O impacto do preconceito escancarado vai assustar muitos espectadores, mas esta é uma história que precisava ser contada, pois infelizmente faz parte da nossa realidade. E só de lembrar que essa história é real, a admiração que criamos por cada uma delas fica ainda maior. O filme ganha pela simpatia de suas personagens e pela forma como conseguiram transmitir dentro de um cenário racista, cruel e desumano que a única forma de se construir uma sociedade melhor é com respeito e igualdade de oportunidades.