segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Regresso

O filme conta a saga de sobrevivência de Hugh Glass, personagem de Leonardo DiCaprio, que é o principal navegador de um grupo de caçadores que ganha a vida vendendo peles de animais. Ele é abandonado pela equipe no meio da floresta após ser atacado por um urso. E é aí que surge a parte nua e crua da trama. A filmagem esbanja sangue sem pudores, e um dos temas mais presentes na história é a batalha entre os exploradores contra os índios americanos. É preciso ter estômago forte para conseguir assistir tudo sem fechar os olhos. A cena do ataque do urso é desesperadora e a respiração do personagem do DiCaprio silencia a sala de cinema.

As brigas têm um sentimento muito próximo da realidade de quem assiste. A brutalidade e a ausência de sentimentos também são protagonistas do longa, e não somente os atores. Leonardo DiCaprio está impecável em cena e é uma boa aposta (e merecida) para a estatueta do Oscar de melhor ator. O trabalho filmado apenas com luz natural também foi um ponto positivo para o filme, trazendo ainda mais realidade para as cenas. O Regresso também se destaca na maquiagem. Os ferimentos, as cicatrizes e a sujeira sanguinolenta dos personagens são muito bem feitas. Peca um pouco na continuidade, mas ok. Ninguém vai notar isso.

O roteiro é simples, a forma como ele foi conduzido é que tornou tudo espetacular. O problema é que depois de mais de duas horas de filme fica um pouco cansativo, pelo fato de já sabermos como será o fim da história. A questão é que isso não diminui a qualidade do longa. Tive que deixar esse "cansaço" de uma filmagem extensa um pouco de lado para escrever este texto, e o bacana (e até engraçado) é que esse desgaste de muitas horas de filme aparece quando os dois personagens centrais também estão desgastados na trama. Não deve ter sido fácil transformar um roteiro simples em uma história com cenas hipnotizantes. Tecnicamente, trata-se de uma produção muito bem filmada, apesar de ter deixado o filme longo demais. Mas infelizmente foi uma consequência necessária de um trabalho muito bem feito.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A 5ª Onda

Cassie é uma adolescente que luta por sua própria sobrevivência em meio da destruição da humanidade. A 5ª Onda mostra uma invasão alienígena que tem como foco matar os humanos atingindo de quatro formas diferentes: acabando com a energia, gerando catástrofes marítimas, gripe aviária, e, por fim, uma ocupação por terra. E é aí que a trama parece ser interessante, já que os alienígenas podem assumir a forma humana para conseguir o que querem. Os flashes de passado e futuro também nos fazem apostar que a trama vai emplacar. Imaginamos uma Cassie mais madura e menos adolescente. A menina parece estar mais preparada para lutar contra tudo e todos, mas logo em seguida tudo volta ao velho roteiro adolescente bobo, com paixonites comuns, e um diálogo vergonhoso de assistir.

O filme perde o fôlego no decorrer da história. Tem uma cena na qual a garota corre com uma arma na mão e um urso de pelúcia na outra. Achei até bacana a colocação para mostrar uma menina tendo que virar uma mulher diante de uma situação. O problema é que o ursinho vence. A menina continua e não a mulher. Todo o contexto se torna adolescente demais, e acaba parecendo uma cópia do amor proibido de Crepúsculo. Está na moda essa fase da garotada em querer assistir uma humana com um imortal.

O roteiro precisava ter mais originalidade para se tornar interessante. A 5ª Onda, infelizmente, também peca nos efeitos visuais. A onda imensa que destrói tudo não é tão interessante quanto parece. E, por fim, fica meio óbvia a intenção do filme virar uma franquia em mais uma trilogia. O ruim é que logo nessa primeira apresentação faltou qualidade. Vai ser muito complicado conquistar fãs para uma possível continuação. Não existe personalidade nem no filme e nem nos personagens. Na atual Hollywood nada se cria, tudo se copia e tudo se recicla para se atingir a um determinado público alvo. Parece que nem se deram ao trabalho de tentar criar algo decente, simplesmente seguiram uma fórmula que parece ser eficiente.