segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Olimpíadas Rio 2016

Acho que todos nós em algum momento soltamos um "se tá assim agora, imagina nas olimpíadas" e pensamos que os jogos olímpicos no Rio de Janeiro pudesse ser um fiasco mundial. Mas o importante é que deu certo. Merecemos aplausos, recepcionamos muito bem, surpreendemos positivamente estrangeiros e brasileiros. A gente merecia e precisava dessa injeção de otimismo para acreditar na possibilidade real de um país melhor. Isso vem com uma esperança embutida de que podemos ver uma cidade de fato maravilhosa e um Brasil diferente. Essa energia contagiou o mundo todo e precisa continuar. A chama olímpica pode apagar, mas a nossa não.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Já Estou Com Saudades

Para quem ainda não me conhece, sou o Daniel Romano, o chato que escreve para a coluna de cinema na Folha do Rio de Janeiro. Decidi (hoje) fugir um pouco dos filmes em cartaz nas telonas, já que o "mundo netflix" do cinema em casa tem crescido bastante. Enfim, o meu comentário hoje é sobre o filme Já Estou Com Saudades. Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette) são melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado do marido. Após se submeter a um tratamento, Jess enfim consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter câncer de mama e precisa passar por quimioterapia.

Os filmes de doença e amizade se tornaram um subgênero dentro do drama, fazendo uma 'dramédia' (drama+comédia) para que o assunto não seja abordado de forma muito pesada. E essa fórmula tem dado super certo. Toni Collette e Drew Barrymore trazem o melhor da amizade: a honestidade. O resumo disso é o que a experiência da morte se aproximando pode trazer. Um paciente terminal com câncer também pode cometer seus erros e suas loucuras como qualquer ser humano, e o filme engloba isso com clareza e naturalidade.

Já Estou com Saudades tem seu diferencial nos detalhes, no trato pessoal, ainda que o molde prenda as personagens no "desfecho comum". As amigas estão em momentos opostos de vida. Enquanto uma comemora a gravidez, a outra arranca um seio. O entrosamento entre as duas protagonistas mostra que ninguém precisa ser parecido para ter amizade. São as relações pessoais que elevam a história. O teor incorreto de Milly é o melhor tempero da trama. É o que diminui aquela tristeza adocicada que a gente já conhece em uma dramédia. E é isso que faz o desenrolar do roteiro do filme dar certo. A amizade é abordada em alto nível, com todos os altos e baixos que a vida põe a prova. Você vai chorar, mas vai se divertir também.

domingo, 27 de março de 2016

Deadpool

Wade Wilson (Ryan Reynolds) é diagnosticado com câncer em estado terminal, e encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes mutantes e um incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem que salvou e ao mesmo tempo destruiu a sua vida. Convenhamos que os filmes de super-heróis estão um tanto desgastados. Então, nada melhor do que um anti-herói para agitar um pouco e dar uma modificada no contexto dos quadrinhos, não é mesmo?

Deadpool solta milhões de piadas por minuto. Você precisa ficar atento para não perder nada, porque o cara é um tagarela. A interação do personagem com o público é o ponto acertado do roteiro. Temos sempre a impressão de que estão lendo os nossos pensamentos em cada sacada em que o maluco simplesmente dá um stop na cena e conversa com o espectador. O filme entrega belas sequências de ação misturadas com um humor obsceno e afiado. O nosso ogro-herói chega com cenas engraçadíssimas, piadas péssimas, tiros para todos os lados, muita violência e nenhuma sanidade. Afinal, não lembro de nenhum super-herói ganhando a vida como assassino de aluguel.

Em suma, Deadpool é um deboche sobre tudo e sobre todos. A simplicidade da apresentação da trama e a desconstrução do bom-mocismo são os grandes trunfos do filme. Tudo vira piada. A irreverência do personagem faz a gente rir com alguém levando tiro na cabeça. Nada é levado a sério. Já pararam para ler a sinopse? O cara foi diagnosticado com câncer terminal, e até para isso fizeram piada. Deadpool, obviamente, não é um filme para qualquer um ou para qualquer gosto. O importante é assistir sem nenhum tipo de amarra e nem aguardar uma definição que faça sentido. Trata-se de uma imensa bobagem, não espere algo mais do que isso. Mas a indústria Marvel, famosa pelos nossos super-heróis, apresentava sinais de cansaço, e essa injeção de humor debochado diante dos filmes da própria franquia trouxe um ar diferente, de novos padrões, com uma narrativa divertidíssima. Eu gostei.

Observação importante: nunca esqueça que a Marvel sempre dá um presentinho após os créditos finais. Tenha paciência de deixar todas aquelas letrinhas passarem e divirta-se.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Regresso

O filme conta a saga de sobrevivência de Hugh Glass, personagem de Leonardo DiCaprio, que é o principal navegador de um grupo de caçadores que ganha a vida vendendo peles de animais. Ele é abandonado pela equipe no meio da floresta após ser atacado por um urso. E é aí que surge a parte nua e crua da trama. A filmagem esbanja sangue sem pudores, e um dos temas mais presentes na história é a batalha entre os exploradores contra os índios americanos. É preciso ter estômago forte para conseguir assistir tudo sem fechar os olhos. A cena do ataque do urso é desesperadora e a respiração do personagem do DiCaprio silencia a sala de cinema.

As brigas têm um sentimento muito próximo da realidade de quem assiste. A brutalidade e a ausência de sentimentos também são protagonistas do longa, e não somente os atores. Leonardo DiCaprio está impecável em cena e é uma boa aposta (e merecida) para a estatueta do Oscar de melhor ator. O trabalho filmado apenas com luz natural também foi um ponto positivo para o filme, trazendo ainda mais realidade para as cenas. O Regresso também se destaca na maquiagem. Os ferimentos, as cicatrizes e a sujeira sanguinolenta dos personagens são muito bem feitas. Peca um pouco na continuidade, mas ok. Ninguém vai notar isso.

O roteiro é simples, a forma como ele foi conduzido é que tornou tudo espetacular. O problema é que depois de mais de duas horas de filme fica um pouco cansativo, pelo fato de já sabermos como será o fim da história. A questão é que isso não diminui a qualidade do longa. Tive que deixar esse "cansaço" de uma filmagem extensa um pouco de lado para escrever este texto, e o bacana (e até engraçado) é que esse desgaste de muitas horas de filme aparece quando os dois personagens centrais também estão desgastados na trama. Não deve ter sido fácil transformar um roteiro simples em uma história com cenas hipnotizantes. Tecnicamente, trata-se de uma produção muito bem filmada, apesar de ter deixado o filme longo demais. Mas infelizmente foi uma consequência necessária de um trabalho muito bem feito.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A 5ª Onda

Cassie é uma adolescente que luta por sua própria sobrevivência em meio da destruição da humanidade. A 5ª Onda mostra uma invasão alienígena que tem como foco matar os humanos atingindo de quatro formas diferentes: acabando com a energia, gerando catástrofes marítimas, gripe aviária, e, por fim, uma ocupação por terra. E é aí que a trama parece ser interessante, já que os alienígenas podem assumir a forma humana para conseguir o que querem. Os flashes de passado e futuro também nos fazem apostar que a trama vai emplacar. Imaginamos uma Cassie mais madura e menos adolescente. A menina parece estar mais preparada para lutar contra tudo e todos, mas logo em seguida tudo volta ao velho roteiro adolescente bobo, com paixonites comuns, e um diálogo vergonhoso de assistir.

O filme perde o fôlego no decorrer da história. Tem uma cena na qual a garota corre com uma arma na mão e um urso de pelúcia na outra. Achei até bacana a colocação para mostrar uma menina tendo que virar uma mulher diante de uma situação. O problema é que o ursinho vence. A menina continua e não a mulher. Todo o contexto se torna adolescente demais, e acaba parecendo uma cópia do amor proibido de Crepúsculo. Está na moda essa fase da garotada em querer assistir uma humana com um imortal.

O roteiro precisava ter mais originalidade para se tornar interessante. A 5ª Onda, infelizmente, também peca nos efeitos visuais. A onda imensa que destrói tudo não é tão interessante quanto parece. E, por fim, fica meio óbvia a intenção do filme virar uma franquia em mais uma trilogia. O ruim é que logo nessa primeira apresentação faltou qualidade. Vai ser muito complicado conquistar fãs para uma possível continuação. Não existe personalidade nem no filme e nem nos personagens. Na atual Hollywood nada se cria, tudo se copia e tudo se recicla para se atingir a um determinado público alvo. Parece que nem se deram ao trabalho de tentar criar algo decente, simplesmente seguiram uma fórmula que parece ser eficiente.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Os Oito Odiados é o oitavo filme de Quentin Tarantino, que conta a história de oito homens e uma mulher. Uma diligência cruza a linda paisagem no meio da neve levando John Ruth (Kurt Russell) e sua prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock. No caminho eles dão carona para dois estranhos: o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), um ex-soldado transformado em caçador de recompensas, e Chris Mannix (Walton Goggins), um renegado do sul que diz ser o novo xerife da cidade. Os quatro passam por uma forte tempestade de gelo, e é no Armazém da Minnie, uma parada de diligência nas montanhas, que eles conseguem se proteger do frio. Lá, no lugar da proprietária, eles encontram mais estranhos: Bob (Demian Bichir), encarregado de cuidar do armazém, Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen), e o General Confederado Sanford Smithers (Bruce Dern).

Sou fã dos filmes de Quentin Tarantino, mas é preciso deixar claro que ele não faz questão de agradar todos os estômagos. O próprio afirma que sua carreira será composta por apenas dez filmes, e sua marca registrada é o sangue jorrando na tela. Talvez este seja o filme mais "escrachado" do diretor, já que o deboche e a morte estão sempre se misturando em cena. Todos conhecemos a fama do Tarantino pelos seus textos com longos diálogos casuais e uma trilha sonora única. Em Os Oito Odiados isso permanece, e não é por acaso que a duração do filme é de quase três horas. A forma de apresentação dos personagens que é diferente. Alguns são de trás pra frente e outros são ao decorrer da trama (impossível dizer mais do que isso sem comprometer a história pra quem ainda não assistiu). O interessante é que nos familiarizamos com eles, e lá quando já estamos em quase uma hora de filme, bingo! Você é fisgado por uma trama pra lá de envolvente.

Não existem boas maneiras. Não existe certo ou errado. Isso faz os fãs do gênero se sentirem à vontade de rir de alguém que apanha toda hora ou de dar boas gargalhadas com pessoas vomitando sangue. A trama é tensa, é agoniante, e todos parecem vilões. Nunca sabemos o próximo passo. Temos a sensação de que todos vão morrer a qualquer momento. O elenco é incrível. Samuel L. Jackson deu vida a um personagem único e aposto em uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante pra Jennifer Jason Leigh. A mulher deu um show. Daisy é uma das melhores criações femininas de Tarantino. É impressionante a sensação de que tudo pode acontecer no filme. Um homem toca 'noite feliz' no piano, uma mulher depena uma galinha para fazer um guisado, e o sangue começa a jorrar com balinhas coloridas caindo no chão. Tudo isso acontece em uma mesma cena, mesmo que pareça impossível de se encaixar ou fazer sentido. Acho que é por aí... Quentin Tarantino não faz questão de fazer sentido, e eu adoro as loucuras sanguinárias desse maluco.