"A Viagem" faz jus ao nome. A obra conta seis histórias interligadas, mas em épocas diferentes. O que faz a gente perceber isso é a fisionomia dos atores, já que a maioria vive diversos personagens ao mesmo tempo. Também existe um tal sinal de nascença em forma de cometa, carimbado nos personagens principais, pra mostrar uma possível ligação entre eles. Resumindo: tudo está conectado e só vamos percebendo isso com o desenrolar da trama. A mensagem principal é mostrar que as pessoas se encontram diversas vezes, em diversas vidas, em diferentes idades. Isso explicaria aquela tão chamada "afinidade instantânea" que temos com algumas pessoas. Acredita-se, no filme, que isso vem de outras vidas. O tema teria tudo pra dar certo. Infelizmente, na minha opinião, não deu. O trunfo de tentar interligar tudo acaba não dando certo. O roteiro se perde em cenas fragmentadas, onde não torcemos por personagem nenhum e a única vontade é de que aquilo tudo termine logo. Se isso também acontecer com você, prepare-se: o filme tem quase três horas de duração.
Tom Hanks e Halle Berry estão excelentes em cena. Isso é indiscutível. Os dois, mesmo com tantos personagens, dão conta do recado e transbordam talento. Já Susan Sarandon, que é uma atriz impecável, ficou com uma participação pequena. O filme mistura passado, presente e futuro de uma forma que podia dar certo, mas o desfecho tão esperado (pelo menos por mim) não aconteceu. Fiquei com a impressão de que o longa, com seis núcleos pra contar, poderia se resumir em um curta de poucos minutos.
O gancho principal do filme é trabalhar com essa teoria de que todas as coisas estão interligadas, isso você já sabe. Porém, chega uma hora que não importa mais se é por causa de uma mancha de nascença, por alguma história do passado, do presente, do futuro ou do diabo a quatro. Você já está de saco cheio. O filme fica martelando tanto esta mensagem, e de tantas formas, que logo você está cansado, inteiramente irritado, e aguardando ansiosamente pelo fim.Talvez por isso eu tenha simpatizado mais com a obra que foi menos retratada: a fuga geriátrica (sexta e última história).
Um senhor, que é trancado pelo irmão num asilo, é o cabeça da fuga dos velhinhos. Os fujões dão uma pitada de comédia e eu até torci por eles. Mas a bagunça já era tamanha, que esse toque doce não deu conta de suavizar as toneladas de sal já impostas de forma massacrante. Foram tantas formas de dizer uma mesma coisa, que eu não aguentava mais. Tudo já tinha se transformado em um cansativo e entediante fracasso.
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